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CINE SIN LIMITES:  CLAUDIO CALDINI, JORGE HONIK E NARCISA HIRSCH
15 a 19 de Agosto de 2018
Sesc Palladium
Avenida Augusto de Lima, 420 - Centro
30190-006, Belo Horizonte - MG
Curadoria e produção: Aaron Cutler e Mariana Shellard

 
PROGRAMAÇÃO
 
Quarta, 15 de agosto
19h30 - Narcisa Hirsch - 1  (49')

Come Out (1971, 12')
Marabunta (1967, 8')
Testamento y vida interior (1977, 11')
Aída (1976, 7')
Workshop (1976/77, 11', versão em inglês)
 
Quinta, 16 de agosto
16h30 - Claudio Caldini - 1  (55')
(seguido por debate entre Claudio Caldini e Aaron Cutler)

Gamelan (1981, 12')
Un enano en el jardín (1981, 13')
Vadi-Samvadi (1981, 7')
La escena circular (1982, 8')
A través de las ruínas (1982, 9')
Templo cerrado (1982, 3')
S/T (2007, 3')
+ Debate
 
18h30 - Narcisa Hirsch - 1  (49') (reprise)
Come Out (1971, 12')
Marabunta (1967, 8')
Testamento y vida interior (1977, 11')
Aída (1976, 7')
Workshop (1976/77, 11', versão em inglês)
 
20h - Jorge Honik - 1  (62')
La mirada errante I (1970, 22')
Gaudí asesinado por un tranvía (1968, 3')
Nubes (1969, 3')
Komik (1969, 2')
Un paseo (1969, 3')
India-Nepal (1971, 10')
Passacaglia y fuga (1975, 19')
 
Sexta, 17 de agosto
16h30 - Jorge Honik - 2  (47')

¡Ay tambor! (2017, 9')
Elementos (2017, 38')
 
18h - Narcisa Hirsch - 2  (56')
El erotismo del tiempo (2006, 1')
Canciones Napolitanas (1971, 11')
Pink Freud (1973, 9')
La noche bengalí (1980, 7')
Rumi (1995/99, 28')
 
19h30 - Claudio Caldini - 2  (56min)
(seguido por debate entre Caldini, Sávio Leite e Carlosmagno Rodrigues)

Simulacro (1990, 3')
Ofrenda (1978/90, 5')
Consecuencia (1992, 3')
Heliografia (1993, 6')
Prisma (2005, 6')
Deadline (2015, 1')
Un nuevo día (2016, 16')
Rolf Gelewski, spiritual dancer (1982/2016, 16')
+ Debate
 
Sábado, 18 de agosto
15h - Panorama de cinema argentino experimental

Traum (dir. Horacio Coppola e Walter Auerbach, 1933, 3min)
Ideítas (dir. Victor Iturralde Rúa, 1952, 1min)
Sin título (dir. Gabriel Romano, 1982, 2min)
Los placeres de la carne (dir. Horacio Vallereggio, 1977, 14min)
Espectro (dir. Sergio Subero, 2010, 10min)
El Quilpo sueña cataratas (dir. Pablo Mazzolo, 2012, 12min)
Resistfilm (dir. Pablo Marín, 2014, 14min)
MLA (dir. Paulo Pécora, 2017, 7min)
 
16h30 - Claudio Caldini - 3  (51')
(seguido por debate entre Caldini e Aaron Cutler)

Film-Gaudí (1975, 6')
Ventana (1975, 5')
Baltazar (1975, 4')
Aspiraciones (1976, 7')
Cuarteto (1978, 21')
LUX TAAL (2009, 8')
+ Debate
 
18h30 - Jorge Honik - 1  (62') (reprise)
La mirada errante I (1970, 22')
Gaudí asesinado por un tranvía (1968, 3')
Nubes (1969, 3')
Komik (1969, 2')
Un paseo (1969, 3')
India-Nepal (1971, 10')
Passacaglia y fuga (1975, 19')
 
20h - Narcisa Hirsch - 3  (55min)
Aleph (2005, 2')
Patagonia (1977, 18')
Aigokeros (1979, 13')
A-Dios (1989, 22')
 
Domingo, 19 de agosto
15h - Jorge Honik - 2  (47') (reprise)

¡Ay tambor! (2017, 9')
Elementos (2017, 38')
 
16h30 - Narcisa Hirsch - 4  (57')
Descendencia (1973, 13')
Patagonia (1976, 10')
Celebración (2007, 5')
Inscripciones (2015, 19')
Kosmos (2017, 10')
 
18h30 - Sessão Super 8: Claudio Caldini -1  (55')
+ El devenir de las piedras + LUX TAAL

Gamelan (1981, 12')
Un enano en el jardín (1981, 13')
Vadi-Samvadi (1981, 7')
La escena circular (1982, 8')
A través de las ruínas (1982, 9')
Templo cerrado (1982, 3')
S/T (2007, 3')
+ El devenir de las piedras + LUX TAAL
 

 
SINOPSES
 
Claudio Caldini - 1  (55')
Gamelan (1981, 12')
Un enano en el jardín (1981, 13')
Vadi-Samvadi (1981, 7')
La escena circular (1982, 8')
A través de las ruínas (1982, 9')
Templo cerrado (1982, 3')
S/T (2007, 3')
 
O programa conta com sete curtas, todos filmados originalmente em Super-8, que exploram os limites da percepção. Em Gamelan, o registro do movimento da câmera que gira em sentido anti-horário, cria imagens distorcidas de uma paisagem bucólica com acompanhamento da música minimalista de Steve Reich. Vadi-Samvadi são as notas predominantes em uma melodia indiana, e no filme de mesmo nome, imagens de plantas e de uma pequena máquina a vapor vibram intensamente e são acompanhadas pela música indiana, simulando um processo sinestésico. Em A través de las ruínas, imagens noturnas, registradas em limiares de exposição foram captadas afim de emular uma visão tátil, subconsciente. A segunda sessão deste programa (Domingo, 19/8 as 18h30), que será realizada em Super-8, também contará com os filmes El devenir de las piedras (1988, 12min) e LUX TAAL (2009, 8min).
 
Gamelan (1981, Super 8 para digital, 11'48")
A câmera Canon 814 foi fixada em duas cordas finas de dois metros de comprimento. Os suportes metálicos, alinhados na parte superior, ao longo do eixo óptico, ficaram equidistantes do centro de gravidade da câmera. Eu a fiz girar em sentido anti-horário. Logo alcançou velocidade suficiente para manter-se em órbita. A lente se orientou pela tangente. A primeira surpresa que encontrei depois de ter revelado o filme foi o efeito estroboscópico presente em alguns momentos. Quando a câmera se aproxima do solo, a direção do movimento parece inverter-se. Também foi inesperada a aparição de gotas de chuva sobre a lente (que permanecem estáticas enquanto a paisagem continua passando por detrás) ou o raio de luz que penetra pelo visor reflex, atravessando as zonas escuras. Aqui não existe fotograma imóvel. A montagem consistiu em eliminar o material que antecede o alcance da velocidade desejada.
 
Un enano en el jardín (Um anão no jardim, 1981, Super 8 para digital, 12'17")
O título Un enano en el jardín faz alusão ao pequeno formato do Super 8 e ao cenário no qual as ações que compõem o filme se desenrolam. Um catálogo de experimentos extremos com a mobilidade da câmera, coordenados com breves improvisações da bailarina brasileira Alice Bloch. O filme foi rodado em grande parte com uma câmera Instamatic M22 (talvez a câmera de Super 8 mais simples e leve, com foco fixo e diafragma manual), tão resistente, que funcionou em condições impensáveis para uma câmera mais complexa, girando em alta velocidade em volta do eixo óptico ou amarrada a um carretel de rebobinar 35 mm. Por questões de linguagem e estética, o filme foi duramente criticado após suas primeiras exibições em Buenos Aires. Descartei quase ele todo, que originalmente tinha duração de 35 minutos. Algumas sequências foram reutilizadas em outros filmes (o final se transformou no segundo episódio de El devenir de las piedras, 1988). Eu buscava na época uma transição para a visão "videográfica", de maior intensidade luminosa, síntese e intermitência. A imagem se dissolve por impulso em uma abstração nebulosa. Muitos planos foram realizados em tomadas únicas de 15 metros - o comprimento de um cartucho de filme Super 8 - reduzindo a montagem à sobreposição das unidades. Uma solução funcional: sem nenhuma gramática que não pertença ao interior da própria tomada.
 
Vadi-Samvadi (1981, Super 8 para digital, 7'01")
Aspirações é o começo de uma série na qual Vadi-Samvadi é a sequência. A gramática da música indiana sugere um micro intervalo no espaço-tempo cinematográfico. Algumas ideias convergem: a câmera obscura (transforma-se em um cubo branco, a luz solar cobre a cena); a máquina a vapor e, por extensão, todas as máquinas, inclusive o cinematógrafo; um autorretrato; a sinestesia (a transformação de uma sensação sonora em reverberação ótica) e, por último, o yantra, um diagrama para acompanhar a meditação que ele representa. "A razão e o ego, a mente, os sentidos e os elementos da energia material que são a base de suas formas, são todos mecânicos, uma máquina completa da natureza (...) yantra" (Sri Aurobindo)
O original de Vadi-Samvadi, realizado em setembro de 1976, foi extraviado pelo correio, em 1979. Filmamos uma nova versão similar à anterior, em 1981.
 
La escena circular (1982, Super 8 para digital, 7'58")
As silhuetas de um casal diante de uma janela foram filmadas com algumas poucas direções para os protagonistas. Elas sugerem uma síntese do espaço cinematográfico e da universalidade de suas figuras. A câmera chama a atenção para momentos, gestos e ações dentro de parênteses com fade-out/fade-in. O cinema redescoberto como máquina de memória afetiva.
 
A través de las ruinas (1982, Single 8 para digital, 8'13")
Filmar sem olhar o visor, emular uma visão tátil, subconsciente foi a intenção de A través de las ruínas, realizado durante a guerra das Malvinas (abril-maio 1982). A câmera é um olhar vacilante que circula em obscuridade ou é cegada por clarões. No começo mergulha no mar, depois representa bombardeios aéreos através de luzes urbanas. Aparecem silhuetas e figuras humanas que não chegam a conectar-se entre si. Lugares pouco iluminados, fotografados em "limiares de exposição", imagens invernais e noturnas, sobrepostas e vagamente sincronizadas por aproximação. Uma interação generalizada de espaços, distâncias e dinâmicas. Um presente contínuo feito de intuições e recordações imprecisas.
 
Templo Cerrado (1982, Super 8 para digital, 2'26")
A escadaria de pedra do templo de Gingee, Tamil Nadu, na Índia, pintada com formas geométricas foi filmada, quadro a quadro, na subida.
 
S/T (2007, Super 8 para digital, 3')
Comédia-haicai protagonizada por um cachorro e dois pássaros.
 

Claudio Caldini - 2  (56min)
Simulacro (1990, 3')
Ofrenda (1978/90, 5')
Consecuencia (1992, 3')
Heliografia (1993, 6')
Prisma (2005, 6')
Deadline (2015, 1')
Un nuevo día (2016, 16')
Rolf Gelewski, spiritual dancer (1982/2016, 16')
 
Em Ofrenda, um ciclo culminante de margaridas descreve o que é indeterminado e fortuito na captura de uma sequencia de imagens. Heliografía convida o espectador para um passeio psicodélico de bicicleta que se transforma em uma reflexão sobre o ser visível e o ato de ver. Um nuevo día é um ensaio audiovisual em memória a Tomás Sinovcic, cineasta argentino sequestrado e assassinado pela ditadura militar argentina em 1976. O programa conclui com o registro, filmado em São Paulo, de um recital solo das danças espontâneas do dançarino alemão Rolf Gelewski.
 
Simulacro (1990, digital, 3')
Videoclipe com imagens abstratas produzidas por computação gráfica. Formas vermelhos e azuis transcorrem de maneira dinâmica sobre um fundo preto. Música de Jorge Haro e guitarra de Alejandro Fiori.
 
Ofrenda (1978, Super 8 para digital, 5')
Certa vez me perguntaram o que é indeterminado e fortuito na captura de uma sequência de imagens. O reino vegetal, com sua multiplicação de formas simples, é convocado a dar a explicação. Fotografa-se, quadro a quadro, uma sucessão de pontos de vista e detalhes de um arbusto em plena floração: um ciclo culminante de margaridas. Em cada plano, a posição da câmera, o quadro, a distância focal e o foco são corrigidos. A continuidade da forma e a relação de dimensões produzem uma ilusão coreografada. Não tentamos recriar o movimento, mas, sim, capturá-lo, produzir continuidade estática entre planos diferentes. Com o diafragma fixo, continuamos a tirar fotografias em uma velocidade regular (existem, aproximadamente, 3.300 quadros); conforme a luz do sol vai desaparecendo, produz-se um prolongado fade-out. As pétalas brancas permanecem visíveis na película exposta por mais tempo que o resto da imagem, como na retina quando fechamos os olhos. O tempo parece suspenso. De repente, uma surpresa: o vidro de um edifício vizinho reflete o último raio de sol sobre nosso campo de ação e visão. No meio dessa intermitência azulada, quase noturna, tudo se torna dourado.
 
Consecuencia (1992, 8 mm para digital, 3')
Videoclipe híbrido e abstrato sobre a desintegração das imagens na televisão e no vídeo analógico. "As consequências das imagens serão as imagens das consequências", disse Heinrich Rudolf Hertz (citado por Marshall McLuhan em Guerra e Paz na Aldeia Global, 1968). Música de Jorge Haro.
 
Heliografía (1993, 8 mm para digital, 6')
Zona tropical, terra vermelha, reflorestamento. Um passeio de bicicleta se transforma em uma reflexão sobre o ser visível e o ato de ver. Primeiro Prêmio do Festival Franco-Latino-americano de Vídeo Arte, 1995.
 
Prisma (2005, 8 mm para digital, 6')
Realizado durante o programa Artists in Residence (Artistas em Residência), da destilaria Glenfiddich, Dufftown, Moray, Escócia. O crítico Francis McKee escreveu: "Filmado nos arredores e dentro da destilaria, Caldini cria uma montagem alucinatória que reflete não apenas a capacidade do uísque de alterar os sentidos, mas, também, a exploração da paisagem com um poder espiritual mais profundo. Em uma série de imagens quase psicodélicas, ele faz aparecer as forças primárias da natureza que podem associar a produção secular de uma bebida a uma crença antiga sobre a terra como espaço do sagrado. "
 
Deadline (2015, Super 8 para digital, 1')
Animação experimental vertiginosa de luzes urbanas realizada em algumas noites durante uma residência no LIFT (Liason of Independent Filmmakers of Toronto, ou Liga de Cineastas Independentes de Toronto).
 
Un nuevo día (Um novo dia, 2016, 16 mm e Super 8 para digital, 16')
Ensaio audiovisual em memória de Tomás Sinovcic, cineasta argentino sequestrado e assassinado pela ditadura militar na Argentina em 1976, quando tinha 24 anos.
 
Rolf Gelewski, spiritual dancer (Rolf Gelewski, danças espontâneas, 2016, Super 8 para digital, 16')
Nascido em Berlim em 1930 e residente no Brasil a partir do início da década de 1960, Rolf Gelewski era discípulo de Mary Wigman, fundadora da escola expressionista German Dance [Dança Alemã]. Gelewski transformou a sua arte em uma disciplina transcendental. O filme registra um recital solo de suas danças espontâneas. Filmado em Super8 em 1982, o filme permaneceu como work in progress antes de ser finalizado em vídeo, em 2016.
 

Claudio Caldini - 3  (51')
Film-Gaudí (1975, 6')
Ventana (1975, 5')
Baltazar (1975, 4')
Aspiraciones (1976, 7')
Cuarteto (1978, 21')
LUX TAAL (2009, 8')
 
Ao retornar de uma longa viagem durante a qual viveu na Espanha e Índia, Caldini amadureceu sua estética cinematográfica, convergindo explorações técnicas da imagem em movimento à reflexão espiritual, através de imagens da natureza e de objetos simbólicos que refletem sua própria percepção. Em Film-Gaudí, o artista registra o Park Güell de Antoni Gaudí, projetando-o como labirintos e explosões de mosaicos através de uma fratura análoga da temporalidade linear. Em Ventana camadas de imagens são sobrepostas pelo ato de filmar e refilmar o mesmo rolo de Single-8. Em Aspiraciones, o ritmo pausado da respiração define o ritmo análogo na imagem que projeta a fuga da chama de uma vela para o infinito obscuro do quadro cinematográfico. Cuarteto é uma exploração contemplativa da natureza, dividida em quatro partes.
 
Film-Gaudí (1975, Single 8 mm para digital, 5'06")
Quando cheguei pela primeira vez em Barcelona, em 1974, decidi fazer um filme sobre o Park Güell, do arquiteto Antoni Gaudí. Visualizei o filme a partir do projeto original de 1914; era o suficiente para seguir os trajetos traçados por Gaudí, imaginá-los como labirintos e reproduzir as explosões de mosaicos através de uma fratura análoga da temporalidade linear. Na montagem evitei mostrar os transeuntes. Nenhuma figura humana deveria interferir na manifestação da arquitetura fantástica. A técnica de stop motion aplicada à posição e aos parâmetros da câmera, ainda hoje, parece-me adequada para representar esse espaço ondulatório do parque.
 
Ventana (1975, Single 8 mm para digital, 4'04")
A filmagem de Ventana começou como um teste da câmera Single 8 nas funções rebobinar e refilmar, - um crescendo de camadas. O espaço é a câmera obscura na qual os movimentos do cinegrafista convertem uma linha de luz em traços multidirecionais. No final, cada fotograma contém mais de oito sobreposições diferentes. A música foi acrescentada em 1989, com um sintetizador analógico e digital delay.
 
Baltazar (1975, Single 8 mm para digital, 3'11")
Uma criança brinca na praia; estamos no território do filme caseiro. Por anos eu pensei que tinha feito um filme-poema, sem saber como explicá-lo, até que Gilles Deleuze criou o conceito de "imagem-percepção":
Um personagem atuando na tela assume-se, enxerga o mundo de uma determinada maneira. Mas, simultaneamente, a câmera o vê e vê seu mundo de outro ponto de vista, o qual pensa, reflete e transforma o ponto de vista do personagem [...]. Em resumo, a imagem-percepção encontra sua condição como livre e indireto sujeito, do momento em que reflete seu conteúdo em uma consciência-câmera, que se tornou autônoma ('cinema de poesia'). Gilles Deleuze, Cinema-1: A Imagem-movimento (1983).
 
A persistência da última tomada se transforma inesperadamente para o cinematógrafo em uma reflexão sobre a tensão entre o que está dentro e fora do quadro. A ação foi capturada sem roteiro ou duração determinados. Os acontecimentos determinam as durações.
 
Aspiraciones (1976, Super 8 para digital, 6'15")
O ritmo pausado da respiração define o ritmo análogo na imagem: a fuga para o infinito virtual da chama de uma vela é gerada pela lente com distância focal variável. A cada aparição desse vetor (sucessivas posições estáticas do zoom) corresponde a um intervalo equivalente de escuridão, número idêntico de fotogramas sem exposição à luz. Um ensaio de cinema métrico. A posição da chama varia lentamente a cada aparição sucessiva e o deslocamento parece deter-se por apenas alguns instantes ao introduzir fotogramas alternados em ordem reversa. No final, a imagem da flama é substituída por outro símbolo luminoso: as folhagens de grandes árvores recebendo luz solar. A inspiração para esse filme - uma "máquina de meditação" - veio de uma visita ao Ashram de Sri Aurobindo, em Pondicherry, na Índia, e da escuta da música devocional de Sunil Bhattacharya, residente do Ashram. Os primeiros testes foram feitos na casa de Jorge Honik, na Patagônia, em outubro de 1975, durante suas filmagens de Passacaglia y Fuga. Aspiraciones foi praticamente todo editado dentro da câmera, entre o quarto do cinegrafista e o Jardim Botânico de Buenos Aires.
 
Cuarteto (1978, Super 8 para digital, 20'23")
As folhas de uma tília, atravessadas por raios do sol, algumas samambaias - curvas e retas - crescendo em um jardim urbano, um hibisco vermelho movido pela brisa, uma leitura de Chuang-Tzu, são os episódios deste estudo sobre a pintura chinesa. As tomadas originais da câmera (fade-in, fade-out + black leader) colocadas em looping em dois projetores convergentes foram refotografadas a partir do lado oposto de uma tela de papel translúcido. As imagens circulam recombinando-se ao acaso, enquanto o preto e branco e a cor se fundem na mesma emulsão.
 
LUX TAAL (2009, Super 8 para digital, 8')
As quatro estações na era da mudança climática. "No fogo queima-se a harmonia das multidões. A calma noturna não é capaz de apagar incêndios." Chuang-Tzu.
 
El devenir de las piedras (O devir das pedras, 1988, Super 8, 12')
Três episódios de um projeto de filmes para música. Estrearam em um concerto de música eletrônica em 1989. O título é uma metáfora para a eternidade. Ganhou o Primeiro Prêmio da Primeira Semana de Cinema Experimental de Madrid, em 1991. A música do filme foi composta pelo próprio cineasta.

 
Jorge Honik - 1  (62')
La mirada errante I (1970, 22')
Gaudí asesinado por un tranvía (1968, 3')
Nubes (1969, 3')
Komik (1969, 2')
Un paseo (1969, 3')
India-Nepal (1971, 10')
Passacaglia y fuga (1975, 19')
 
Um programa de obras originalmente filmadas em Super 8. Gaudí asesinado por un tranvía confronta imagens da Igreja Sagrada Família de Antoni Gaudí com imagens de zonas industriais. Em Un paseo, breves exercícios de animação desenham a figura de uma contempladora descobrindo com assombro as paisagens de sonhos que a rodeiam, enquanto percorre os campos de trigo e descansa nos rostos dos habitantes de uma pequena aldeia do Marrocos. India-Nepal é um registro de impressões fugazes de rostos, paisagens, templos, pessoas e coisas, durante uma viagem à Índia e ao Nepal no começo dos anos 70. Rodado praticamente todo no interior de uma casa em Bariloche, Passacaglia y fuga explora móveis, cantos, objetos e livros da casa que vibra com vida própria, revelando pegadas e vestígios quase fantasmagóricos, enquanto a presença humana é apenas sugerida.
 
La mirada errante (I) (1969/81, Super 8 para digital, 30')
Uma colagem de imagens filmadas no Magrebe e na Patagônia. Ritmos frenéticos se mesclam com tomadas estáticas: um bosque no nevoeiro, o amanhecer sobre uma colina, uma viagem furiosa pelo caminho da costa argelina, um glacial, o deserto.
Trilha sonora: Tehillim, de Steve Reich.
 
Gaudí asesinado por un tranvia (Gaudí assassinado por um bonde, 1968, Super 8 para digital, 4')
Imagens da Igreja Sagrada Família, de Antoni Gaudí, confrontadas com breves flashes de monoblocos e zonas industriais. Ao furioso desenvolvimento de uma imaginação transbordante opõe-se uma funcionalidade cinza, da qual todo critério de beleza foi erradicado. Para Gaudí, "a beleza era o resplendor da verdade". Um bonde em movimento por uma rua de Barcelona é uma metáfora visual desse atentado contra o voo livre das formas.
Trilha sonora: Sinfonia dos Salmos, de Igor Stravinsky.
 
Nubes (Nuvens, 1969, Super 8 para digital, 4')
Nuvens, em sua maioria, filmadas quadro a quadro nos arredores de Ouarzazate, especificamente no oásis de Tabount, no Marrocos, uma das portas de acesso ao deserto do Saara. Às rápidas mudanças das formas, muitas vezes fantasmagóricas, das nuvens, agregam-se alguns registros de uma tempestade de areia no deserto.
Trilha sonora: Hungarian Rock, de György Ligeti.
 
Komik (1969, Super 8 para digital, 3')
Um "divertimento" realizado em um local abandonado de um centro turístico desabitado da Argélia, durante o inverno. Foram utilizados recortes de revistas encontradas por acaso, sem outro propósito além de jogar com a infinita quantidade de signos visuais que aparecem diariamente ao passear pelas cidades. E, ainda, experimentar com os efeitos que podem ser alcançados com a filmagem quadro a quadro.
Trilha sonora: Back in the U.S.S.R. dos Beatles
 
Un paseo (1969, Super 8 para digital, 4')
Um passeio por um campo de trigo na mesma aldeia argelina retratada em Komik. Enquanto se movimenta por entre as altas espigas, o olho do caminhante, inquieto, percorre os campos, o gado e descansa nos rostos dos habitantes da pequena aldeia. Breves exercícios de animação reiteram o título e desenham a figura da contempladora descobrindo com assombro as paisagens de sonho que a rodeiam.
Trilha sonora: Chamado de almuadem
 
India-Nepal (1970-71, Super 8 para digital, 10')
Um registro nervoso e descuidado de uma viagem à Índia e ao Nepal, no começo dos anos 70. Impressões fugazes de rostos, paisagens, templos, pessoas e coisas. Imagens que, tendo sido incorporadas por um meio efêmero, vão se desfigurando, a bordo do rio implacável do tempo.
Trilha sonora: Tehellim, de Steve Reich.
 
Passacaglia y Fuga (1975, Super 8 para digital, 20')
Filme rodadono interior de uma casa na periferia de S.C. de Bariloche, às margens do lago Nahuel Huapi, ao longo de um inverno e começo da primavera. A câmera vai descobrindo móveis, cantos, objetos e livros através de travelings e panorâmicas realizadas quadro a quadro, utilizando, em alguns casos, trilhos e, em outros, um disco calibrado montado sobre um tripé. A casa vibra com vida própria revelando pegadas e vestígios quase fantasmagóricos, enquanto a presença humana é apenas sugerida. Essas tomadas são intercaladas com imagens da paisagem.
Lago, neve, arbustos sacudidos pelo vento - sinais externos que acentuam a solidão e o isolamento dos espaços interiores. Co-dirigido com Laura Honik.
Trilha sonora: Passacaglia e Fuga, de Johann Sebastian Bach.
 

Jorge Honik - 2  (47')
¡Ay tambor! (2017, 9')
Elementos (2017, 38')
 
O filme mais recente de Honik, Ay tambor! (2017) é um documentário experimental sobre a produção de tambores de candombe em uma oficina de Buenos Aires. Elementos (2017), o primeiro filme doa artista em quarenta anos, explora a variedade de efeitos e tratamentos da imagem digital, criando uma analogia com os quatro elementos da natureza - cada um associado a um conceito que varia na forma de expressão de maneira lírica e surpreendente.
 
Ay tambor! (2017, digital, 9')
Documentário experimental sobre a fabricação artesanal de tambores de candombe em uma oficina de Buenos Aires. O ritmo da edição é guiado pelo ritmo da música de candombe que acompanha as imagens captadas no local.
 
Elementos (dir. Jorge Honik, 2017, digital, 38')
Primeiro filme de Jorge Honik em quarenta anos explora a variedade de efeitos e tratamentos da imagem digital, criando uma analogia com os quatro elementos da natureza - cada um associado a um conceito que varia na forma de expressão de maneira lírica e surpreendente. A quintessência é representada pelo lixo produzido pela humanidade, em imagens captadas em um aterro sanitário. Também, é uma metáfora para a capacidade infinita do digital de produzir imagens.
 

Narcisa Hirsch - 1  (49')
Come Out (1971, 12')
Marabunta (1967, 8')
Testamento y vida interior (1977, 11')
Aída (1976, 7')
Workshop (1976/77, 11', versão em inglês)
 
A música de Steve Reich que dá nome ao filme Come Out que consiste em uma frase que vai se defasando eletronicamente. O filme começa com uma imagem desfocada que muito lentamente entra em foco, enquanto o som realiza o movimento inverso. Marabunta é um registro audio-visual do happening de mesmo nome protagonizado por Hirsch, Marie Louise Alemann e Walther Mejía. A vida interior de Testamento y vida interior é um lugar por onde a câmera passeia muito lentamente. O testamento são os amigos de cinema que carregam um caixão pela cidade e depois pela Patagônia nevada. Aída registra uma dança realizada pela bailarina Aída Laib no ateliê de Hirsch. Em Workshop observamos uma das paredes do ateliê da artista enquanto a ouvimos descrever o local para o artista argentino Leopoldo Mahler.
 
Come Out (1971, 16 mm para digital, 11'38")
Câmera: Horacio Maira
Música: Steve Reich
A música de Steve Reich, que dá nome ao filme, consiste em uma frase que vai se defasando eletronicamente. O filme começa com uma imagem desfocada, que muito lentamente entra em foco, enquanto o som realiza o movimento inverso.
 
Marabunta (1967, 16 mm para digital, 7'55")
Câmera: Raymundo Gleyzer
Edição: Raymundo Gleyzer
Música: Edgar Varèse
Registro audiovisual do happening de mesmo nome, protagonizado por Narcisa Hirsch, Marie Louise Alemann e Walther Mejía, realizado no teatro Coliseo, em Buenos Aires, em 3 de outubro de 1967, após uma sessão do filme Blow Up - Depois Daquele Beijo (1966), de Michelangelo Antonioni. Marabunta foi uma cerimônia antropofágica coletiva em torno de um esqueleto de seis metros de comprimento, coberto por um banquete e recheado de pombas vivas, que eram libertadas conforme as pessoas se alimentavam.
 
Testamento y vida interior (1977, Super 8 para digital, 1')
Câmera: John Maldelbaum, Horacio Maira, Narcisa Hirsch
Reedição em vídeo, em 2001: Alejandro Areal Vélez
A vida interior é um lugar por onde a câmera passeia muito lentamente, a voz que vem de fora entra por meio de uma celebração pública. O testamento são os amigos de cinema que carregam um caixão cor de laranja pela cidade e depois pela Patagônia nevada. Com a participação de Claudio Caldini, Jorge e Laura Honik, entre outros.
 
Aída (1976, Super 8 para digital, 7')
Edição 2012: Daniela Muttis
Bailarina: Aída Laib
Música: Under the Lowest, de Nina Simone
Registro de uma dança realizada pela bailarina Aída Laib, no ateliê de Hirsch.
 
Workshop (1976/77, 16 mm para digital, 11')
Se observa uma parede do ateliê da artista enquanto esta descreve seu entorno, em inglês, para o artista argentino Leopoldo Mahler. Uma revisitação de um filme anterior de Hirsch chamado Taller (que foi filmado em espanhol).
 

Narcisa Hirsch - 2  (56')
El erotismo del tiempo (2006, 1')
Canciones Napolitanas (1971, 11')
Pink Freud (1973, 9')
La noche bengalí (1980, 7')
Rumi (1995/99, 28')
 
El erotismo del tiempo torna o tempo visível na "queda", em um relógio de areia. Canções Napolitanas são canções românticas que dramatizam imagens abstratas, como manchas avermelhadas e símbolos que lembram as extremidades de películas fílmicas. Em Pink Freud, um homem atarefado classifica bonequinhos de plástico em um quarto, enquanto uma mulher jovem dorme no sofá. La noche bengali é um documentário poético sobre o seminário do cineasta experimental alemão Werner Nekes realizado em Buenos Aires em 1980 pelo Goethe-Institut local. Rumi é uma interpretação dos textos do poeta persa através de imagens da natureza e de um dançarino sufi.
 
El erotismo del tiempo (2006, digital, 1')
O tempo se torna visível na "queda", em um relógio de areia.
 
Canciones Napolitanas (1971, 16 mm para digital, 10')
Intérprete: Agustina Muñiz Paz
Canções napolitanas românticas dramatizam imagens abstratas, como manchas avermelhadas e símbolos que lembram as extremidades de películas fílmicas. Em seguida, no primeiro plano, uma grande boca feminina se alimenta de fígado cru e de um cartão postal.
 
Pink Freud (1973, 16 mm para digital, 9')
Câmera: Horacio Maira
Intérprete: Susi Mandelbaum/ Cristóbal Rautenstrauch
Música: Pink Floyd
Em um quarto, um homem atarefado classifica bonequinhos de plástico enquanto uma mulher jovem dorme no sofá.
 
La noche bengali (1980, 16 mm para digital, 6'30")
Direção: Narcisa Hirsch e Werner Nekes
Documentário poético sobre o seminário do cineasta experimental alemão Werner Nekes, realizado em Buenos Aires, em 1980, e recepcionado pelo Goethe-Institut de Buenos Aires.
 
Rumi (1995/99, 16 mm para digital, 27')
Câmera: Humberto Navarro e Narcisa Hirsch
Produção: Victoria Keledjian
Uma interpretação dos textos de Rumi - poeta persa do século XVIII - através de imagens da natureza e de um dançarino sufi.
 

Narcisa Hirsch - 3  (55min)
Aleph (2005, 2')
Patagonia (1977, 18')
Aigokeros (1979, 13')
A-Dios (1989, 22')
 
Aleph é o ponto de partida de onde o tempo diacrônico e sincrônico se encontram, e nossa vida pode ser experimentada em um minuto. Patagonia é um documentário com paisagens áridas, a fauna local, camponeses, vaqueiros, agricultores e comerciantes, que compõe belas imagens bucólicas. Aigokeros relata o efeito dos contrastes entre o feminino e o masculino, por meio de imagens líricas e meditativas da natureza, de luz e sombra. Em A-Dios, um homem volta da guerra vencido - é o fim das batalhas e das ideologias.
 
Aleph (2005, digital, 2')
Edição: Daniela Muttis
Composição original: Nicolás Diab
Voz: Narcisa Hirsch
Aleph é o ponto de partida de onde o tempo diacrônico e sincrônico se encontram, e nossa vida pode ser experimentada em um minuto. Os instantes se sucedem um após o outro, com a profundidade de um campo infinito e eterno. Cada segundo representa um momento da vida, do nascimento e da morte. Aleph é o ponto que concentra todos os momentos.
 
Patagonia (1977, 16 mm para digital, 17'41")
Câmera: Horacio Maira
Música: Caetano Veloso, Stephan Micus
Documentário sobre uma viagem à Patagônia. Paisagens áridas, a fauna local, camponeses com traços indígenas, vaqueiros, agricultores e comerciantes compõem belas imagens bucólicas.
 
Aigokeros (1979, Super 8 para digital, 13')
Aigokeros é o nome grego do signo zodíaco de Capricórnio, que é metade bode e metade peixe, e que une os opostos. O filme relata o efeito dos contrastes entre o feminino e o masculino, por meio de imagens líricas e meditativas da natureza, luz e sombra.
 
A-DIOS (1989, Super 8 para digital, 22')
Um homem volta da guerra para casa, vencido. É o fim das batalhas e das ideologias.
 

Narcisa Hirsch - 4  (57')
Descendencia (1973, 13')
Patagonia (1976, 10')
Celebración (2007, 5')
Inscripciones (2015, 19')
Kosmos (2017, 10')
 
Em Descendencia, filmes caseiros de festas familiares das gerações passadas da artista são intercalados com imagens em close-up dos membros da nova geração. Em Patagonia a câmera observa de perto os pastos patagônicos e em seguida a face de camponeses em um armazém. Celebración evoca a origem única dos desejos de criação e aniquilação. Inscripciones procura dizer algo sobre o nascimento da linguagem, do texto, da palavra, e trata de abordar a necessidade, inerente ao homem, de construção de sentido frente à invisibilidade existencial. Realizado a seis mãos, Kosmos é uma fábula sensorial sobre o universo que está simultaneamente em expansão e extinção.
 
Descendencia (1973, Super 8 para digital, 13')
Filmes caseiros de festas familiares das gerações passadas da artista são intercalados com imagens em close-up dos membros da nova geração.
 
Patagonia (1976, Super 8 para digital, 9'56")
Fotografias: Claudio Caldini
Música: Viento patagónico
A câmera observa de perto os pastos patagônicos e em seguida a face de camponeses em um armazém. Tudo é filtrado por uma luz de cor âmbar. Fotos e transparências são agregadas às cenas patagônicas.
 
Celebración (2007, digital, 5')
Trilha sonora: Nicolás Diab
Edição: Daniela Muttis
Os desejos de criação e aniquilação surgem da mesma fonte. Celebremos este paradoxo, observemos sua beleza. De certa maneira, uma refilmagem de Canciones Napolitanas.
 
Inscripciones (2015, digital, 19')
Nas palavras de Hirsch: "Acredito que não tenho muito a dizer sobre Inscripciones... eu mesma não entendo muito. Sei que é um filme que vem de um lugar desconhecido, vem de 'fora', é uma inscrição. Assim acontece com todos os filmes que faço, não tenho conceitos pré-determinados, vão aparecendo...como podem. Sei que é um filme que procura dizer algo sobre o nascimento da linguagem, do texto, da palavra. Descreve o texto como imagem e sentido. E trata de abordar a necessidade, inerente ao homem, de construção de sentido frente à invisibilidade existencial."
 
Kosmos (dir. Narcisa Hirsch, Rubén Guzmén and Robert Cahen, 2017, digital, 10')
Realizado a seis mãos, esse vídeo - a obra audiovisual mais recente de Hirsch - é uma fábula sensorial sobre o universo que está simultaneamente em expansão e extinção. Filmado na Patagonia, Kosmos evoca uma valsa entre a manifestação e o não-manifesto. A natureza e a compreensão do homem sobre ela caminham juntos e são deixados para trás. Quando água, fogo, ar e terra tornam-se passado, um vazio permanece. E o que começa?
 

Panorama de Cinema Argentino Experimental (60 min)
Traum (dir. Horacio Coppola e Walter Auerbach, 1933, 3min)
Ideítas (dir. Victor Iturralde Rúa, 1952, 1min)
Sin título (dir. Gabriel Romano, 1982, 2min)
Espectro (dir. Sergio Subero, 2010, 10min)
El Quilpo sueña cataratas (dir. Pablo Mazzolo, 2012, 12min)
Resistfilm (dir. Pablo Marín, 2014, 14min)
MLA (dir. Paulo Pécora, 2017, 7min)
+ mais alguns filmes a anunciar
 
O programa conta com filmes de cineastas argentinos experimentais de diferentes gerações, inclusive alguns títulos de cineastas contemporâneos que foram sugeridos para a mostra por Claudio Caldini. O surrealista Traum é considerado o primeiro filme experimental da Argentina. Ideítas é uma animação desenhada diretamente sobre a película de um filme subexposto. Sin título mescla interferências químicas e ranhuras sobre a película, criando um efeito de cores e luz surpreendente. Em Resistfilm, do cineasta, crítico e curador de cinema argentino experimental Pablo Marín, imagens caleidoscópicas são construídas dentro da câmera ao isolar partes da lente e refilmar a mesma película. As cópias dos filmes no programa foram providenciados pelo selo antennae collection e pelos cineastas e seus herdeiros.
 
Traum (Sonho) (dir. Horacio Coppola e Walter Auerbach, 1933, 16 mm para digital, 3')
Este curta-metragem é uma parceria entre o fotógrafo argentino Coppola e o diretor alemão de teatro Auerbach e foi um dos primeiros filmes experimentais feitos na Argentina. Um homem dorme, sonha e acorda. Mas, de acordo com uma lição aprendida com os surrealistas, não há retorno quando se cruza o limiar do inconsciente.
 
Ideítas (dir. Victor Iturralde Rúa, 1952, 16 mm para digital, 1')
Um dos primeiros filmes animados feitos na Argentina. Intervenções sobre uma película subexposta de linhas de cores vibrantes que dão forma a objetos e seres. Em um movimento frenético, todos se apressam para caber em um minuto.
 
Sin título (Sem título, dir. Gabriel Romano, 1982, Super 8 para digital, 2')
Arranhões coloridos de luz brilham na tela. A deterioração e destruição da película dão forma a imagens abstratas. Impõem-se ao movimento sutil da imagem filmada no breu. O filme foi encontrado após a morte de Romano, pelo cineasta Sergio Subero, na década de 2000.
 
Espectro (dir. Sergio Subero, 2010, Super 8 para digital, 9')
Como descreve Subero: "Filmado quadro a quadro, com a objetiva da câmera coberta e capturando luz artificial e solar pelo visor reflex, Espectro é o resultado de um exercício imprevisível e incapaz de ser medido ou controlado antes do momento de sua execução. Em Espectro, o invisível se torna visível. A supervisão do olhar é excluída para dar espaço ao incomum. Nos fragmentos escuros do material fílmico, os flashes iluminam nossos olhos e depois desaparecem rapidamente, voltando à escuridão. São nesses momentos fugazes que se manifesta a matéria fantasma."
 
El Quilpo sueña cataratas (dir. Pablo Mazzolo, 2012, Super 8 para digital, 12')
Mazzolo descreve seu filme: "Este curta-metragem é um diário dos meus dias no Rio Quilpo, e trata de uma velha lenda dos Comechingones. Eu filmei com a minha câmera Super 8, em uma área do rio Quilpo, em Córdoba, considerada sagrada pelos aborígenes Comechingones. Como o Quilpo não tem cachoeiras, algumas imagens foram captadas mais ao sul, no Rio Negro, perto de Mallín Ahogado. Eu manipulei a película não revelada com luz, através de diferentes máscaras e placas de vidro. Quando revelei o filme, transferi para uma película virgem alguns fotogramas positivos. O material criando novo material. O rio alimentando a si mesmo. O filme implode. Eu tentei criar condições para a emersão do inesperado."
 
Resistfilm (dir. Pablo Marín, 2014, Super 8 para 16 mm para digital, 14')
Marín: "Super 8 como super filme. Investigações sobre a natureza da película, produzidas dentro da câmera. Homenagens rústicas aos primeiros marcos vanguardistas e paisagens selvagens do século XXI." Vencedor do prêmio de Melhor Filme Experimental no festival FILMADRID, em 2015.
 
MLA (dir. Paulo Pécora, 2017, Super 8 para digital, 7')
Os filmes autobiográficos da artista experimental alemã-argentina Marie Louise Alemann exploram a performatividade e as capacidades do ser. No retrato que Paulo Pécora faz de Alemann, registrado em 2013, a figura dela aparece gradualmente entre um mar de grão de Super 8 em preto e branco enquanto sua voz suave nos conta como o cinema se tornou parte de sua vida.
 
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